23 março 2016

OPINIÃO: A incógnita realização da Eurocopa

Pessoas foram para o gramado do Stade de France após
explosões aos arredores do lugar. Foto: O Chute

Na última terça-feira, 22, a Europa voltou a sofrer nas mãos do terrorismo. Dois ataques coordenados atingiram o aeroporto Zaventem e a estação de Maelbeek, ambos em Bruxelas, capital da Bélgica. O Estado Islâmico, grupo radical extremista, reivindicou a autoria dos ataques. O alerta máximo foi acionado, não só em território belga, mas em toda a Europa. De maneira indireta, esse fato acabou desencadeando uma reação no futebol, já que estamos a menos de três meses da Eurocopa, o maior torneio entre seleções do continente.

Esta não é a primeira vez que um ato terrorista respinga diretamente no esporte mais popular do planeta. No dia 13 de novembro, na barbárie realizada em Paris, os arredores do Stade de France foram palco de duas explosões que puderam ser ouvidas de dentro do gramado. Além disso, na época, o amistoso envolvendo Alemanha e Holanda, que seria realizado em Nuremberg, foi cancelado após a polícia encontrar uma bomba no estádio.

Agora, o amistoso entre Bélgica e Portugal também foi cancelado, fora que o clássico entre Fenerbahçe e Galatasaray, na Turquia, foi adiado no último final de semana, em virtude de atentado na cidade de Istambul e iminente ameaça de terrorismo. Isso só prova que, mais uma vez, o espetáculo do futebol está sendo prejudicado por conta das ações de grupos extremistas.

Até agora, apenas amistosos internacionais e jogos do campeonato turco foram cancelados. A Eurocopa segue sendo uma incógnita. Mesmo com as polícias locais e agências de inteligência garantindo a segurança na realização do torneio, é muito difícil conseguir parar as ações desses grupos extremistas, principalmente o Estado Islâmico, que tem sido tão atuante em território europeu.


O torneio envolvendo as principais seleções seria um "prato cheio" para os terroristas, pois é um evento de repercussão mundial, envolvendo torcedores de inúmeros países, muitos deles inimigos declarados do Estado Islâmico, que também poderiam se enfrentar em duelos entre as seleções, como a primeira fase, a qual já reserva um Bélgica (país com maior reduto de extremistas) e Itália (recentemente cogitou enviar tropas à Líbia para lutar contra o EI). Além disso, competições como esta sempre costumam reunir importantes líderes políticos, sejam eles presidentes, primeiros-ministro, entre outros.

Recentemente, o vice-presidente da Uefa, Giancarlo Abate, levantou a possibilidade dos jogos da Eurocopa serem realizados com portões fechados, ou seja, sem a presença de torcedores. No entanto, essa medida foi totalmente rechaçada pela própria entidade responsável pelo futebol europeu.

Adiar ou cancelar a Eurocopa representaria um impacto muito grande. Inúmeros ingressos já foram comercializados em todo o planeta, passagens já foram compradas e hotéis reservados. Há também o prejuízo financeiro da própria Uefa com os patrocinadores da competição, que deveriam ser reembolsados em caso de cancelamento do torneio.

Portanto, o terror continua assolando à Europa e parece cada vez mais difícil combatê-lo. Ele acaba apresentando consequências não só na vida da população europeia, mas também no futebol, que já teve amistosos internacionais e partidas de campeonatos nacionais cancelados, podendo cair diretamente sobre o maior torneio entre seleções do continente, a Eurocopa, a qual cogita-se até mesmo seu cancelamento.